quinta-feira, 2 de janeiro de 2014





Tua dor num riso esculpe-a. Não chores teu pranto, vence-o, porque há uma estranha volúpia em se sofrer em silêncio. Sê como o rio: entre tanta urze e espinho flui, resvala. Chora, mas finge que canta, canta e rola, sofre e cala. Vês o rio? As águas tontas cortam-nas seixos, mas brando, por sobre um leito de pontas vai sofrendo e vai cantando. Vai sofrendo, mas as mágoas nos seus cânticos embala. Minh'alma, sê como as águas: canta e rola, sofre e cala. Sê minh'alma à dor um cofre, guarda-a avarenta e calada, que a ventura de quem sofre é sofrer sem dizer nada. (Menotti Del Picchia).

Nenhum comentário:

Postar um comentário